Com o objetivo de analisar a produção jornalística na abordagem dos temas ambientais, a Univates conta com um projeto vinculado ao grupo de pesquisas Práticas Ambientais e redes sociais. O diferencial da atividade está no retorno que está sendo dado para a comunidade sobre os resultados obtidos, discutindo-se as conclusões das práticas de jornalismo ambiental investigadas com os jornalistas.
O projeto foi contemplado pelo edital Pesquisador Gaúcho, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e teve início em julho de 2011. Suas pesquisas envolveram três atividades. A primeira delas foi a análise dos temas e frequência das notícias ambientais em 12 sites, divididos em quatro tipos: governamentais, organizações não governamentais, portais especializados e mídias comerciais.
A segunda foi uma análise dos recursos hídricos a partir das publicações de quatro jornais Zero Hora, Correio do Povo (estaduais), O Informativo e A Hora (regionais). Já a terceira foi uma análise da cobertura do dia de pico da última enchente do Rio Grande do Sul, em julho de 2011. A pesquisa está em sua fase final, com os artigos sendo finalizados e enviados para revistas científicas da área.
Conforme a coordenadora do projeto, professora doutora Jane Mazzarino, após os estudos e resultados obtidos, surgiu a ideia de procurar os órgãos jornalísticos da região incluídos na pesquisa e propor rodas de conversa para discutir as práticas observadas. “A atividade iniciou na última semana, no jornal O Informativo. Serão realizadas três formas de abordagem: apresentação de elementos teóricos sobre essa área, discussão de estudos empíricos realizados no Brasil nos últimos dez anos, e uma análise crítica sobre as notícias elaboradas pelos próprios veículos sobre o assunto, antes do início das rodas de conversa”, explica.
De acordo com Jane, a iniciativa é uma ação comunitária decorrente do projeto de pesquisa, que visa a dar retorno para a sociedade sobre os investimentos dos recursos públicos na pesquisa científica. “Espero que, com isso, a gente consiga qualificar a cobertura ambiental, já que os estudos indicam problemas como dependência das fontes oficiais, baixa participação dos cidadãos, poucas reportagens que aprofundem a discussão dos problemas ambientais, ficando a cobertura restrita a notícias curtas e informativas, e valorização de temas trágicos/catástrofes. Não há uma abordagem pró-ativa voltada para a formação de uma opinião pública crítica sobre temas estratégicos, como é o caso dos recursos hídricos, nosso tema principal”, ressalta ela.
A professora lembra que essas conclusões vão ao encontro de outros estudos realizados em diversos estados do Brasil, evidenciando o fato de que os problemas na cobertura são generalizados. Além de Jane, a equipe envolvida com os estudos de mídia e meio ambiente é composta pelas professoras Luciana Turatti e Margarita Rosa Gaviria Mejia e pelos bolsistas Artur Lazzari, Caroline Musselin e Rafael Mantovani, do curso de Direito; Marília Graziola, de Psicologia; e Vinícius dos Santos Flôres, de Jornalismo.
Texto: Tuane Eggers
Legenda da foto (equipe): Equipe do projeto conta com professores e bolsistas de diferentes cursos
Créditos da foto: Tuane Eggers
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